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Perfil: Elis Regina


Falar de Elis é sempre bom, mas nunca é uma tarefa fácil, principalmente quando você é fã. Ainda mais porque além ser de fã, você sabe que existem outros milhares de fãs iguais a você, que mesmo depois de mais de 30 anos do desaparecimento dessa grande cantora brasileira ainda a escutam e a defendem de tudo e de todos. E é esse um dos motivos que mais me faz gostar de Elis, saber que ainda hoje ela é importante na vida de muita gente, que inspira aqueles que não são da época em que ela viveu, mas que dariam qualquer coisa para tê-la visto pessoalmente.
E foi por conta de todo esse amor que eu já vi por parte desses fãs tão fiéis hoje, dia em que ela completaria 68 anos, que eu resolvi antecipar o post do Perfil deste mês para hoje, a fim de que esse não fosse apenas mais um texto sobre Elis aqui no blog, mas sim uma homenagem a essa cantora de quem eu tanto gosto.
Quando se fala de Elis, geralmente a primeira coisa que se fala é da voz maravilhosa que ela tinha, tanto que até hoje dizem que ela foi (alguns insistem que ainda é) a melhor cantora que o Brasil teve. Mas há outra característica dela que eu acho que todos deveriam ter, eu inclusive gostaria muito de ter, que é a coragem dessa mulher. Tenho certeza que ela foi absolutamente vitoriosa nesse sentido, pois uma mulher em plena década de 60, gaúcha, chegar ao Rio de Janeiro querendo ser cantora numa época em que essa profissão era tão marginalizada e fazer o sucesso que fez com Arrastão não é tarefa para qualquer uma. E anos depois, ter a coragem de dizer que o país era governado por gorilas em plena época de censura e sem ter medo de ser presa mostra a força e a convicção que a pimentinha tinha.
E além das declarações polêmicas e do posicionamento político bastante claro, ainda tem os grandes compositores e músicas que ela lançou e ajudou para que eles se tornassem eternos da história da nossa música. Quem vai esquecer o grande Milton Nascimento, um dos compositores de quem ela mais gravou músicas, ou então da dupla João Bosco e Aldir Blanc, que foram lançados por ela? Talvez as músicas Maria Maria e O Bêbado e a Equilibrista não tivessem a mesma intensidade e sucesso se tivessem sido gravadas primeiro por outra cantora. O mesmo digo de Romaria e Como Nossos Pais, que não só levaram Renato Teixeira e Belchior diretamente à consagração como também são duas das músicas mais lembradas na voz de Elis.
Outro ponto bem importante na carreira dela são os shows e LPs memoráveis, como Falso Brilhante e Elis & Tom. O show Falso Brilhante dispensa maiores comentários, pois todo mundo que conhece pelo menos um pouco de Elis Regina sabe que esse foi seu maior sucesso, tanto que ficou mais de 1 ano em cartaz no Teatro Bandeirantes e Como Nossos Pais, que fazia parte do repertório, é um marco da carreira dela. Já Elis & Tom é um duelo de gigantes, pois não é todo dia que dois monstros da música resolvem entrar em estúdio para gravar um trabalho juntos. Não é a toa que Águas de Março é outra música absurdamente famosa da pimentinha e também de Tom Jobim, um dos melhores compositores da história da música.
Além desses dois trabalhos, estão entre os melhores também Transversal do Tempo e Saudade do Brasil, que traziam as chamadas músicas de protesto num período em que a ditadura começava a amolecer. Entre esses dois LPs, Elis lançou o álbum Essa Mulher, em 1979, que trouxe O Bêbado e a Equilibrista em seu repertório. Além de se tornar um estrondoso sucesso, a música ficou conhecida como o hino da anistia.
Ao ver todo o sucesso que Elis fez, principalmente na década de 70, ninguém imaginava que ela morreria tão jovem. Em 19 de janeiro de 1982, o Brasil foi surpreendido pela morte de sua mais potente voz feminina, aos 36 anos, por causas que até hoje são motivo de desconfiança, mas que em nada mudam a mulher e a cantora que Elis Regina foi, pois o que importa é o que ela fez para tentar mudar a realidade em que não só ela como todos viviam, numa época em que até pensar era proibido. 

E agora, para encerrar o post, uma das músicas de letra mais agressiva que Elis cantou na década de 60: Roda, de Gilberto Gil e João Augusto.  






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