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Crítica da Semana: Som Brasil e os Festivais... de horrores



No dia 31 de agosto, a Rede Globo exibiu o Som Brasil dedicado aos Festivais de Música Popular Brasileira, que se tornaram uma febre no país entre a segunda metade da década de 1960 e os primeiros anos da década de 1970.
Embora a própria Globo tenha organizado alguns desses festivais, parece que a produção do programa não entendeu que música de festival é pra cantar com vontade, e não quase dormindo como alguns convidados desse Som Brasil  fizeram.
De todas as músicas apresentadas no programa, as piores interpretações ficaram por conta de Maria Gadú, que fez interpretações medonhas de Arrastão (considerada a precursora da nossa MPB na voz de Elis Regina) e da antológica Divino Maravilhoso, que é um verdadeiro clássico da carreira de Gal Costa e Caetano Veloso. Apesar de gostar bastante da voz da Gadú, acho que faltou alguém para orientá-la na interpretação dessas duas canções ou até mesmo um pouco mais de estudo da própria intérprete, pois ela cantou como se essas canções fossem A história de Lily Braun, cuja versão que ela fez é uma das melhores dessa música.
Outra música que eu adoro, mas que eu achei a interpretação péssima foi Sinal Fechado, pois a suavidade dada por Paulinho da Viola se perdeu no rap de Emicida (eu não tenho nada contra rap, mas o ritmo não combina com essa música).
Ironicamente, apesar de não ter se saído bem em duas de suas interpretações, a outra música que Maria Gadú interpretou no especial ficou entre uma das minhas preferidas: Andança. Imortalizada na voz de Beth Carvalho no Festival Internacional da Canção de 1968, a canção combinou perfeitamente com o tom suave que Gadú deu a ela, sendo realmente uma das poucas músicas do especial que a interpretação não foi um fiasco.
Dentre as músicas apresentadas, também se destacaram Fio Maravilha (também chamada de Filho Maravilha, com Tiago Amud e Maria Alcina, a intérprete original da música), A Banda, que na voz do grupo Pitanga em pé de amora ficou tão sem sal quanto a interpretação original, mas até que o grupo se saiu bem, Domingo no Parque, que Tiago Amud fez uma boa versão e Disparada, pois Jair Rodrigues mostrou que ainda está em boa forma no quesito música de protesto. Além dessas, foram interpretadas no programa as músicas BR3, Universo no teu corpo, Pra não dizer que eu não falei das flores e Lapinha.
Outro ponto que chamou bastante a atenção foi o fato de simplesmente ignorarem algumas músicas que ficaram tão famosas justamente por terem sido lançadas nesses festivais, como Roda Viva, Sabiá (que são praticamente dois hinos da época da Ditadura Militar) e Alegria, Alegria, pois nem ao menos ganharam uma interpretação no programa. Aliás, eu adoraria saber o que o Som Brasil tem contra a música Alegria, Alegria, pois nem no Som Brasil em homenagem a Caetano Veloso essa música foi cantada.
Entretanto, apesar de todos os erros que o programa apresentou, a verdade é que pelo menos valeu a tentativa de homenagear um período tão importante para a história da Música Popular Brasileira, pois é melhor fazer uma homenagem cheia de erros do que simplesmente esquecer que os festivais existiram um dia.

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