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Crítica da Semana: Anos Dourados e Anos Rebeldes: Décadas distintas sob a ótica de Gilberto Braga


Deve ser no mínimo intrigante para quem assistiu as duas minisséries saber que, apesar de se passarem em épocas tão próximas e tão distintas, elas foram escritas pelo mesmo autor.
As duas minisséries, que foram exibidas em um espaço de 6 anos, abordam as décadas de 1950 e 1960. Enquanto a tensa e idealista Anos Rebeldes, que foi exibida no início da década de 1990, tinha como pano de fundo os anos mais truculentos da Ditadura Militar no Brasil, Anos Dourados, que foi ao ar alguns anos antes, abordou a década de 1950 dando destaque ao glamour da época, mostrou também a repressão das famílias mais conservadoras e os desejos dos jovens de que a próxima década fosse melhor (o que acabou não sendo realizado). Por conta disso, é possível até dizer que Anos Rebeldes é uma continuação de Anos Dourados, pois além de ter sido exibida depois, ainda retratava a década seguinte da minissérie anterior.
Ao escrever esses dois maravilhosos trabalhos em tão pouco tempo (Anos Dourados foi ao ar em 1986 e Anos Rebeldes em 1992), Gilberto Braga não só mostrou sua imensa versatilidade como autor como também deixou que o público conhecesse outro lado seu: o de produtor musical. Ele, que ficou responsável pela trilha sonora das duas minisséries, selecionou verdadeiras pérolas da música para embalar os personagens das histórias.
Em Anos Dourados, a trilha sonora começou dando um show já com o tema de abertura, a versão instrumental da belíssima música Anos Dourados, de Tom Jobim e Chico Buarque, uma dupla que dispensa comentários. Além dessa, a trilha de Anos Dourados trouxe outras músicas igualmente belas, como Tu me acostumbraste, Alguém como tu e Por causa de você.
Já em Anos Rebeldes, o sucesso da trilha sonora não foi diferente. Reunindo músicas das décadas de 1960 e 1970, além de ter como tema de abertura a música Alegria Alegria, de Caetano Veloso, Anos Rebeldes teve cenas embaladas por algumas das músicas mais famosas da época em que a história se passava, Can’t take my eyes of you, Soy loco por ti América, Call me, Guantanamera e Baby

Comentários

  1. Deborah, não vi por inteiro nenhuma dessas duas minisséries, porque não suporto o regime as algemas que a globo impõe a seu público, não divulgando nunca o horário certo de seus programas, e também porque televisão nunca foi uma prioridade, para mim. Porém, pelo que me lembro, a seleção musical das séries foi realmente muito bem feita. Por meio deste recurso, o autor mostra como é possível contar a história do Brasil por meio de canções. Assim como explicar o país a si mesmo, mostrar aos jovens quem somos, por meio de canções.
    No momento, trabalho com um projeto de pesquisa que tem como objetivo elaborar pensar na questão do emprego da poesia cantada, ou seja, da canção popular de qualidade poética consolidada, como instrumento para melhorar a qualidade das aulas de Literatura nas escolas. Além de pensar na questão teoricamente, pretendo, junto com minhas orientandas, elaborar um roteiro e fazer sugestões de práticas para a sala de aula. Neste contexto, o emprego de episódios das minisséries de tv pode ter sua utilidade.
    Porque, pra dizer a verdade, em nosso país, não tem outro jeito. A canção é a modalidade de arte que mais atrai e mantém a atenção de pessoas de qualquer idade. Quero justamente questionar a inutilidade de se insistir em métodos de ensino que ignoram esta realidade tão fundamental.
    Um grande abraço.

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