Hoje completam-se 32 anos da
partida da Pimentinha, mas a impressão que me dá é que ela continua cada vez
mais viva, principalmente nesse ano que passou. Para quem ainda não sabe, em
2013 eu fiz como meu Trabalho de Conclusão de Curso da faculdade de Jornalismo
o livro-reportagem Saudades de Elis, que traz histórias de fãs da nossa eterna
Pimentinha em forma de perfis jornalísticos.
Capa do meu Trabalho de Conclusão de Curso |
E sobre esse trabalho, que
durante muito tempo foi apenas uma ideia solta na cabeça de uma fã que
ninguém levava a menor fé de que ia dar certo um dia, o que eu posso dizer é que não
me arrependi em nenhum momento de ter escolhido e insistido nesse tema, que me
trouxe tantas coisas boas.
Além de poder conhecer ainda mais
detalhes da vida e da carreira de Elis (e ainda por cima poder fazer isso como
uma forma de estudo, uma vez que esse trabalho foi a união da minha vida
acadêmica com uma parte muito importante da minha vida pessoal), esse livro me
deu uma oportunidade que eu nunca pensei que teria: conhecer pessoas que
conheceram Elis pessoalmente. E olha que não estou falando daquelas pessoas que
sempre dão os mesmos depoimentos sobre a cantora na mídia, e sim de quem tem
histórias maravilhosas pra contar e geralmente não é ouvido. Das entrevistas presenciais
que realizei – juntamente com minha dupla na execução do trabalho – as que
foram feitas com esses dois admiradores de Elis que a conheceram pessoalmente
(Mauro e Teresinha) são as que mais me marcaram.
Primeiro porque, embora eu já
soubesse inúmeros detalhes da vida e da obra da Elis porque li em livros,
encartes de CDs e na internet, a ideia de ficar diante de pessoas que
conheceram e conviveram com ela era algo novo, emocionante e assustador pra
mim, pois, ao contrário do que normalmente acontece comigo quando falo sobre
Elis, era a primeira vez que eu não ia ser a pessoa que mais entendia do
assunto na situação, o que me deixava com um pouco de medo de não saber o
suficiente para segurar a conversa.
Depois porque não é todo dia que se
encontra alguém que foi próximo de uma pessoa que, apesar de ser muito distante
da sua geração e você nem ao menos ter chegado a vê-la na TV enquanto ela era
viva, você admira demais não só pela voz, mas também porque não tinha medo de
dizer o que queria e lutar pelo que acreditava, mesmo que fosse através das
canções que interpretava (aliás, às vezes tenho a sensação que, apesar de
adorar a voz dela e achar que é uma das mais belas que já ouvi, essa fascinação
que tenho por Elis vem muito mais da personalidade que ela tinha).
E também, para quem não conheceu
o seu ídolo, ficar frente a frente com alguém que o conheceu e tem histórias
para contar sobre ele realmente é uma glória e um momento que precisa ser
aproveitado ao máximo, tanto que em alguns momentos eu simplesmente esquecia
que estava fazendo uma entrevista para fins acadêmicos, que existia uma lista
enorme de perguntas para fazer e me aprofundava na conversa.
Essa união dos fãs é tão
comovente porque, além de mostrar que é possível demonstrar amor sem esperar
nada em troca, não é comum encontrar fãs como os de Elis, que se mobilizam para
discutir e difundir a obra dela pelo mundo, mesmo que seja por meio da
internet. Aliás, o mundo digital é um grande aliado dos fãs da Pimentinha, pois
através dele não só é possível saber (mais) sobre a cantora como também se pode
conhecer outros fãs dela.
Como eu faço parte dos fãs de
Elis que sentem saudade de uma época que não viveram, fazer um livro como o
Saudades de Elis foi a minha maneira de reconhecer o quanto essa mulher foi
importante, uma forma de contribuir para que a memória dela continue viva e,
além disso, um jeito de mostrar a importância que pode ter os fãs de um
artista, pois eles amam, admiram, conhecem, defendem e muitas vezes cuidam do acervo
de seu ídolo até melhor do que a própria família da pessoa.
Além do Mauro e da Teresinha,
durante os meses em que estava fazendo meu livro entrevistei mais fãs de Elis que também tinham muito para contar, como é o caso de Marcelo, Geraldo e Rodrigo. Dentre
os fãs de Elis que eu conheço, creio que Geraldo é aquele que mais se dedicou a
cuidar da obra da Pimentinha, pois está há 32 anos à frente do Grupo Cultural
Eternamente Elis e, por meio desse grupo, a vida e a obra de Elis estiveram ao alcance de mais pessoas.
Já o Rodrigo tem uma importância diferente até mesmo para que a produção do meu livro fosse possível, pois muito do que eu sei sobre Elis hoje aprendi por causa do grupo do qual ele é um dos criadores, o Analisando: Elis Regina, que foi o primeiro grupo sobre ela que eu entrei, em 2009. Boa parte das apresentações, vídeos raros e entrevistas que eu assisti foi porque as pessoas desse grupo sempre deixavam a disposição de quem quisesse ver.
No caso do Marcelo, acredito que ele tem uma trajetória mais parecida com a minha, pois além de também ter escolhido Elis como tema de seu TCC da faculdade de Jornalismo, ele já fez algumas matérias sobre ela e, atualmente, é um dos criadores do grupo Elis é Luz.
Esse trabalho que fiz foi uma ótima oportunidade que eu tive de conhecer mais sobre a Elis que não contam nos livros e ainda ver de perto que o amor que um fã tem não se apaga com o tempo e nem com a morte desse artista, pelo contrário: no caso da nossa Pimentinha, a cada ano que passa eu vejo mais pessoas demonstrando carinho, admiração e vontade de contribuir para que ela continue sendo (re)lembrada pelas pessoas e sem ir a lugar algum, principalmente neste 19 de janeiro, que é quando ela fica ainda mais viva. Aliás, ao longo do dia eu já vi várias homenagens e demonstrações de carinho nos grupos que participo, o que mostra que fã não é igual a mídia, que só se lembra de homenagear os artistas que já se foram em datas redondas, como 20 ou 30 anos de morte.
E para encerrar, não poderia faltar uma música de Elis. E a escolhida foi Alô, alô, taí Carmen Miranda.
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