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Crítica da semana: Unidas por uma data



Hoje é um dia importante na história da Música Popular Brasileira, tanto por um bom quanto por um mau motivo, mas geralmente as pessoas só se lembram de um deles. Enquanto todo mundo se lembra (ou pelo menos a maioria) do dia 19 de janeiro como a data em que o Brasil perdeu sua maior cantora, por outro lado ignoram outra cantora que pode não ter o timbre da pimentinha, mas que foi igualmente importante na historia da nossa música: Nara Leão.
Não é segredo para ninguém que as duas nunca foram grandes amigas, primeiro por um ponto em comum – que atendia pelo nome de Ronaldo Bôscoli – e depois pelas constantes adesões de Nara a estilos musicais, pois Elis tomava isso como traição. E, além disso, a pimentinha nem considerava Nara uma cantora, uma vez que esta não tinha uma voz tão potente quanto a sua.
Entretanto, engana-se quem pensa que as duas cantoras tiveram somente Bôscoli como ponto em comum, pois Elis não morreu em um dia qualquer: ela morreu no exatamente no dia do quadragésimo aniversário de Nara Leão, tomando essa data para si eternamente e ofuscando a outra. Apesar de essa ser uma realidade dura, não dá para ignorá-la simplesmente.
Essa diferença feita entre as duas ficou bem clara principalmente no ano passado, quando se completou 30 anos da morte de Elis e os 70 anos do nascimento de Nara, pois enquanto apareciam milhares de homenagens de fãs e também da imprensa para a pimentinha, Nara Leão quase não foi citada em comparação a outra.
E como se não bastasse o pouco caso com ela, as duas únicas homenagens que pareciam ser mais interessantes não tiveram a divulgação que merecia: o site organizado por Isabel Diegues (a filha mais velha de Nara) com toda a história e a discografia da mãe não ganhou metade da atenção que merecia, enquanto o show tributo que Rafael Cortez queria organizar em homenagem a Nara Leão não conseguiu nem patrocínio.
Por outro lado, a turnê Viva Elis foi altamente divulgada e muito bem patrocinada pela Nívea (tudo bem que o fato de Maria Rita ter interpretado o repertório da mãe pela primeira vez foi o principal motivo de tanta divulgação, mas isso ajudou bastante a mostrar Elis não só para as novas gerações como também para que seus contemporâneos se lembrassem dela).
Sendo assim, o que fica bastante claro é que além de necessitar ser relembrada por ter sido tão importante quanto Elis, Nara Leão também precisa, antes de tudo, ter sua obra tão respeitada quanto a dela. 

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