Crítica da Semana: Redescobrir: Os ídolos podem não ser mais os mesmos, mas as músicas sim

Em novembro, finalmente chegou às lojas o mais novo trabalho de Maria Rita, Redescobrir, que consiste de DVD, CD e Blu-Ray trazendo interpretações da cantora de algumas das músicas mais famosas da carreira de sua mãe.

Como já era esperado, Redescobrir está vendendo bastante e, como era igualmente esperado, foi recebido com 7 pedras na mão por alguns fãs de Elis Regina que insistem em acusar Maria Rita de imitar a mãe.

O mais engraçado dessa história toda é que tem gente que acha Elis Regina tão intocável que não percebe que por mais que ela seja considerada a maior cantora que o Brasil já teve, ela pode sim ser esquecida caso as músicas tão famosas em sua voz não sejam regravadas, assim como várias cantoras que alguns infelizmente nem sabem que um dia existiu, como, por exemplo, a Nara Leão. Entretanto, a impressão que dá é que alguns preferem que a cantora seja esquecida do que ver outras pessoas regravando suas músicas (porque querendo ou não, sempre que alguém regrava uma música que já foi cantada por Elis Regina isso acaba sendo falado).

Uma das maiores acusações é que Maria Rita não cita o nome da mãe em momento nenhum do show do DVD. Ela realmente não cita, mas vem um adesivo bem na capa do CD e do DVD dizendo “Homenagem a Elis Regina” e, além disso, podemos ouvir a voz dela durante a canção Imagem, quando Maria Rita sai do microfone e ouve-se apenas o discurso no qual a própria Elis Regina fala que é preciso cantar o que é nosso.  Apesar de não ter sido necessário citar que era um show em homenagem a Elis Regina, eu acho que fez bastante falta no DVD aquelas falas entre os blocos das músicas, nos quais a Maria Rita falava um pouco sobre a mãe, os compositores e até mesmo sobre a ligação dela com algumas daquelas músicas.

Quanto a isso, confesso que assistindo ao DVD eu percebo semelhança entre as duas em alguns momentos (geralmente em expressões faciais), mas levando em consideração o simples fato de que as duas são só MÃE E FILHA, isso não é um motivo concreto para criticar a Maria Rita.

Aliás, vendo o DVD eu percebi uma coincidência bem interessante, principalmente na hora da música Romaria: quando Elis se apresentou pela primeira vez cantando essa música ao vivo, em julho de 1977, ela estava grávida de Maria Rita. Agora, 35 anos depois, vimos a própria Maria Rita cantando a mesma música estando grávida também de uma menina.

Entretanto, é incrível como ouvindo só o áudio as impressões já não são as mesmas, pois enquanto no DVD eu achei que Maria Rita lembrou a mãe em alguns momentos, ouvindo o CD, que é o registro do mesmo show, eu não notei semelhança alguma, nem quando a cantora engrossou a voz no final de Vou Deitar e Rolar.

Apesar de ter achado ótima a ideia do Projeto Viva Elis (que agora atende pelo nome de Redescobrir) e do lançamento do CD e do DVD, acho que ainda faltaram muitas músicas que ajudariam ainda mais a redescobrir Elis e que também mostrariam que ela não foi só uma cantora de música de protesto como alguns pensam.

Para que isso ficasse mais visível, acredito que a presença de músicas mais alegres, como Velha Roupa colorida, Cai Dentro e Eu hein Rosa, embora boa parte do público tenha reclamado da ausência da incrivelmente dramática e emocionante Atrás da Porta.

Por fim, outro ponto que ficou claro também com o recente lançamento de Redescobrir é que tem música que realmente vai ficar marcada para sempre na memória do público, não importando de quem é a voz que está cantando, uma vez que mesmo tendo essas mesmas músicas na voz de Elis Regina em CDs da mesma sendo vendidos por aí, o CD e o DVD de Maria Rita se tornaram um sucesso de vendas em pouco tempo, sendo totalmente possível ouvir a cantora e entender que isso é uma homenagem, e não uma estratégia de marketing ou algo do gênero.