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Crítica da Semana



Na estreia da coluna Crítica da Semana, eu resolvi falar sobre um livro que ganhei no natal e que acabei de ler recentemente, e que com certeza foi um dos melhores livros sobre música que eu já li por retratar com riqueza de detalhes uma época tão importante na história da MPB: A Era dos Festivais.
O livro de Zuza Homem de Mello retrata o período em que a produção de música brasileira estava com boa qualidade, o que ocorreu entre a segunda metade da década de 1960, quando ocorreram os principais Festivais de Música do país, até os primeiros anos da década de 1970, quando esses mesmos eventos tiveram um final decadente.
O que pouca gente sabe é que antes dos Festivais que transformaram Jair Rodrigues, Elis Regina, o pessoal da Tropicália e outros cantores e compositores que hoje também fazem parte do seleto grupo de grandes nomes da MPB, houve um “piloto” chamado Festa da Música Popular Brasileira, que mais parecia um desfile da Rhodia no Guarujá promovido pela TV Record do que um evento musical.
Somente cinco anos depois é que se voltou a investir em música, só que, dessa vez, a emissora a apostar suas fichas em festival foi a TV Excelsior, com a produção de Solano Ribeiro, e que viu a vencedora da competição, que poderia muito bem ter sido uma carta na manga para a emissora que viria a falir anos depois, ser contratada pela TV Record para apresentar um programa de música.
Zuza conta, com muito bom humor, fatos muito interessantes e curiosos, como a rivalidade entre A Banda e Disparada que parou o Brasil, a exigência de Chico Buarque para que A Banda não fosse decretada campeã do Festival da Record em 1966 por achar que sua rival direta, Disparada, era muito melhor (ele ameaçou rejeitar o prêmio em público e ainda dizer o motivo).
O produtor musical também conta cenas que ele teve a sorte de presenciar não só nos palcos como também nos bastidores desses festivais, como o dia em que Maysa quase quebrou a cabeça de Elis Regina, Sérgio Ricardo jogou um violão contra a plateia na final do FIC, a vaia que Tom Jobim levou por Sabiá ter vencido a música revolucionária de Geraldo Vandré e vários outros acontecimentos pelos quais vale muito à pena fazer essa leitura.
E, além disso tudo, é claro, também é contada no livro as tentativas de manipulação dos resultados pelos patrocinadores, pela censura e, como não poderia deixar de acontecer, os problemas com a alta cúpula da Globo, que não estava muito satisfeita com algumas atitudes (e com certas pessoas).
Para quem tem interesse de conhecer a era de ouro da MPB através de dados, algumas atitudes divertidas e um tanto excêntricas e até mesmo as picuinhas entre aqueles que se tornaram nomes consagrados da Música Popular Brasileira, A Era dos Festivais é um livro bastante esclarecedor.

Ficha Técnica:

Título: A Era dos Festivais: Uma Parábola
Autor: Zuza Homem de Mello
Assunto: Música
Ano de Lançamento: 2003
Número de Páginas: 520
Editora: Editora 34



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