Na
Minha Estante
A música de hoje fez parte de uma
minissérie bastante diferente do que costumamos ver na TV por conta do excesso
de excentricidades e é uma das que eu mais gosto das trilhas sonoras desse tipo
de produção: A História de Lily Braun, o tema de abertura de Cinquentinha.
Composta por Chico Buarque e Edu
Lobo em 1982, essa música, para mim, é a comprovação de que romance perfeito é
algo praticamente impossível de se viver na vida real: pelo que parece, Lily
Braun era uma moça sonhadora que pensou ter conhecido o homem perfeito, sua
alma gêmea, em uma boate.
Inicialmente, ele chama sua atenção
por não disfarçar seu interesse, a olhando de maneira bem explícita tentando
começar um flerte, até que ele tomou coragem e ofereceu um drinque a ela.
A partir daí, ele passou a ter
aquelas atitudes super clichês de um homem quando quer impressionar uma mulher
para ver se ela cai de amores por ele e se torna uma presa fácil, como por
exemplo, mandar flores e escrever poemas para bancar o romântico.
E então, há uma passagem de tempo
e, pelo que é possível perceber, eles se casam e o romantismo acaba: ele, que
agora a tem como esposa, não se interessa mais em ser galanteador e nem em
fazer os mesmos programas da época em que eram namorados, como ir ao cinema,
dar flores ou sair para dançar, o que faz de Lily uma mulher infeliz e
desiludida com o amor, pois enfim ela percebe que a partir do momento em que
ele “ganhou o jogo”, ou seja, tornou-se seu marido, ela perdeu aquele valor que
tinha antes, aquele “cheiro de novidade”, sendo agora apenas mais uma conquista.
Músicas como essa mostram que
dizer que Chico Buarque é um conhecedor da alma feminina não é um mero exagero,
mas, se olharmos de um segundo ângulo, também podemos desconfiar de que Lily
Braun não é nada mais nada menos do que a própria Marieta Severo, sua primeira
esposa.
Antes de casar-se com ele, com
quem ficou por 30 anos, Marieta já era reconhecida como uma boa atriz, mas depois
do casamento, em 1966, ela ganhou no pacote o rótulo de “a mulher do Chico Buarque”,
o que com certeza deve ter atrapalhado sua carreira por um bom tempo por ser
ofuscada pelo marido cantor e compositor de sucesso.
Entre aqueles que gravaram A História
de Lily Braun, as duas Marias se destacam: Maria Gadú, que foi a primeira que
eu ouvi cantar essa pérola da MPB, na abertura de Cinquentinha, e Maria Rita,
que gravou essa música de um jeito completamente da outra em seu mais novo CD,
Elo.
Para que vocês possam ver como é diferente o jeito que ambas interpretaram essa música, eu resolvi postar os vídeos das duas cantando a música.
Gravação do DVD Multishow ao Vivo, em 2010.
Show realizado no Citibank Hall em 12 de Novembro de 2011.
Parece que a Gadu quis por uma roupagem mais cômica na canção, enquanto que a Rita, um ar dramático, quase trágico.
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